Planejar uma campanha eleitoral é como construir uma casa: sem uma base sólida e um projeto bem estruturado, a obra desmorona no primeiro teste. No entanto, muitas campanhas ainda apostam na improvisação ou em métodos fragmentados que comprometem os resultados.
A questão é: como estruturar um planejamento estratégico que integre diagnóstico, execução e adaptação? A resposta está em combinar as melhores metodologias disponíveis, criando um modelo híbrido que considere desde o "Marco Zero" até a fase final da campanha.
Vejamos como isso funciona na prática. Todo planejamento eleitoral eficiente deve ser dividido em três macro-fases temporais: Pré-pré-campanha, Pré-campanha e Campanha. Cada uma tem objetivos específicos e exige estratégias diferenciadas. Pré-pré-campanha é o momento do diagnóstico profundo. Aqui você define o cenário político, analisa tendências (TIRPE - Tendências, Impacto, Resposta, Prioridades e Resultados Esperados), mapeia votos conquistados e a conquistar, identifica concorrentes diretos e constrói as bases da marca do candidato. É também a fase das "vacinas": antecipar vulnerabilidades e preparar respostas antes que se tornem crises.
Pré-campanha é o período de construção digital e presencial. A plataforma do candidato ganha forma, os temas são definidos, os materiais começam a ser produzidos, e a estrutura da equipe é montada. O slogan, jingle e identidade visual precisam estar prontos. É aqui que você constrói o terreno para a execução.
Campanha é a execução propriamente dita, dividida em cinco subfases: Lançamento, Fase Inicial, Consolidação, Desenvolvimento e Fase Final. Cada uma tem seus desafios, prazos, ações do candidato, planejamento específico, erros a evitar, eventos estratégicos e gestão de pessoal.
Dentro da fase de campanha, a metodologia propõe uma estrutura clara para cada etapa: Lançamento é o momento de apresentar o candidato e gerar expectativa. O desafio é criar impacto sem queimar todo o orçamento. O candidato deve estar visível, mas estrategicamente posicionado. Erros comuns incluem eventos muito genéricos ou sem público-alvo definido. Fase Inicial foca em consolidar a base e expandir o reconhecimento. Aqui, pesquisas qualitativas ajudam a calibrar mensagens e identificar os temas que mais ressoam com o eleitorado. Consolidação é quando você fortalece a narrativa e aprofunda o diálogo com segmentos específicos. O candidato deve estar em campo, dialogando com comunidades, lideranças e formadores de opinião. Desenvolvimento é a fase de ampliação do alcance, intensificação da comunicação digital e preparação para o debate final. Pesquisas quantitativas indicam onde investir recursos. Fase Final é o sprint conclusivo.
Todo o planejamento converge para mobilização, GOTV (Get Out The Vote), intensificação do HGPE e eventos de grande impacto emocional. Um planejamento estratégico robusto precisa incluir:
A Importância da Estrutura e da Equipe
Nenhum plano funciona sem uma equipe competente e bem estruturada. Cada fase exige perfis diferentes: coordenadores de campo, produtores de conteúdo, analistas de dados, assessores jurídicos e gestores de crise. A clareza de papéis e responsabilidades é fundamental.
Além disso, o candidato precisa estar preparado. Não basta ter um bom plano se o candidato não sabe se comunicar, não entende seu papel em cada fase ou não confia na equipe. O alinhamento entre candidato e coordenação é o coração de qualquer campanha vencedora.
Muitos candidatos temem que um planejamento detalhado limite a espontaneidade. Na verdade, o contrário é verdadeiro: ter um plano claro libera a equipe para agir com confiança, antecipar crises e aproveitar oportunidades. O planejamento não é uma camisa de força, é um mapa em território desconhecido. Campanhas vencedoras não nascem da sorte. Nascem de diagnóstico preciso, estratégia bem desenhada e execução impecável. E você, já começou a construir o seu planejamento para 2026?
Obs: Artigo baseado em metodologias de Marcos Iten, Francisco Ferraz, Felipe Soutello e Zilmar Fernandes da Silveira.