17 Nov
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Planejar uma campanha eleitoral é como construir uma casa: sem uma base sólida e um projeto bem estruturado, a obra desmorona no primeiro teste. No entanto, muitas campanhas ainda apostam na improvisação ou em métodos fragmentados que comprometem os resultados.  

A questão é: como estruturar um planejamento estratégico que integre diagnóstico, execução e adaptação? A resposta está em combinar as melhores metodologias disponíveis, criando um modelo híbrido que considere desde o "Marco Zero" até a fase final da campanha. 

Vejamos como isso funciona na prática. Todo planejamento eleitoral eficiente deve ser dividido em três macro-fases temporais: Pré-pré-campanha, Pré-campanha e Campanha. Cada uma tem objetivos específicos e exige estratégias diferenciadas. Pré-pré-campanha é o momento do diagnóstico profundo. Aqui você define o cenário político, analisa tendências (TIRPE - Tendências, Impacto, Resposta, Prioridades e Resultados Esperados), mapeia votos conquistados e a conquistar, identifica concorrentes diretos e constrói as bases da marca do candidato. É também a fase das "vacinas": antecipar vulnerabilidades e preparar respostas antes que se tornem crises. 

Pré-campanha é o período de construção digital e presencial. A plataforma do candidato ganha forma, os temas são definidos, os materiais começam a ser produzidos, e a estrutura da equipe é montada. O slogan, jingle e identidade visual precisam estar prontos. É aqui que você constrói o terreno para a execução. 

Campanha é a execução propriamente dita, dividida em cinco subfases: Lançamento, Fase Inicial, Consolidação, Desenvolvimento e Fase Final. Cada uma tem seus desafios, prazos, ações do candidato, planejamento específico, erros a evitar, eventos estratégicos e gestão de pessoal. 

Dentro da fase de campanha, a metodologia propõe uma estrutura clara para cada etapa: Lançamento é o momento de apresentar o candidato e gerar expectativa. O desafio é criar impacto sem queimar todo o orçamento. O candidato deve estar visível, mas estrategicamente posicionado. Erros comuns incluem eventos muito genéricos ou sem público-alvo definido. Fase Inicial foca em consolidar a base e expandir o reconhecimento. Aqui, pesquisas qualitativas ajudam a calibrar mensagens e identificar os temas que mais ressoam com o eleitorado. Consolidação é quando você fortalece a narrativa e aprofunda o diálogo com segmentos específicos. O candidato deve estar em campo, dialogando com comunidades, lideranças e formadores de opinião. Desenvolvimento é a fase de ampliação do alcance, intensificação da comunicação digital e preparação para o debate final. Pesquisas quantitativas indicam onde investir recursos. Fase Final é o sprint conclusivo. 

Todo o planejamento converge para mobilização, GOTV (Get Out The Vote), intensificação do HGPE e eventos de grande impacto emocional. Um planejamento estratégico robusto precisa incluir: 

  • Justificativa de candidatura: Por que esse candidato? Qual problema ele resolve?
  • Marcas da campanha: Identidade visual, slogan, jingle, fotos (retrato, com o povo, oficial).
  • Discurso estruturado: Coerente, autêntico e alinhado com as fundações morais do eleitorado.
  • Plano de comunicação: Integrado (digital + tradicional), com calendário de postagens e tabelas de controle.
  • Segmentação de votos: Onde estão os votos a conquistar? Como alcançá-los?
  • Gestão de custos: Orçamento realista e priorização de investimentos.
  • Pesquisas contínuas: Para ajustar estratégias em tempo real.

  

A Importância da Estrutura e da Equipe 

Nenhum plano funciona sem uma equipe competente e bem estruturada. Cada fase exige perfis diferentes: coordenadores de campo, produtores de conteúdo, analistas de dados, assessores jurídicos e gestores de crise. A clareza de papéis e responsabilidades é fundamental. 

Além disso, o candidato precisa estar preparado. Não basta ter um bom plano se o candidato não sabe se comunicar, não entende seu papel em cada fase ou não confia na equipe. O alinhamento entre candidato e coordenação é o coração de qualquer campanha vencedora. 

Muitos candidatos temem que um planejamento detalhado limite a espontaneidade. Na verdade, o contrário é verdadeiro: ter um plano claro libera a equipe para agir com confiança, antecipar crises e aproveitar oportunidades. O planejamento não é uma camisa de força, é um mapa em território desconhecido. Campanhas vencedoras não nascem da sorte. Nascem de diagnóstico preciso, estratégia bem desenhada e execução impecável. E você, já começou a construir o seu planejamento para 2026? 


Obs: Artigo baseado em metodologias de Marcos Iten, Francisco Ferraz, Felipe Soutello e Zilmar Fernandes da Silveira.

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